segunda-feira, 28 de novembro de 2011

EPÓCA DE CAMPANHAS POLITICAS É A SAFRA DA MAIORIA DOS ELEITORES DE PEDRO AVELINO, CANDIDATO A VEREADOR SOFRE.

Na minha vida eu nunca pensei de ser candidato a nada, nem eu nem minha mulher. Corria o ano de 1996, quando chegou à minha casa uma proposta do Deputado José Adécio, para minha esposa Auxiliadora ser candidata a vereadora, relutamos muito a proposta, mais logo fomos convencidos. Estávamos passando uma fase financeira muito ruim, eu estava desempregado com dois filhos estudando em Natal, só trabalhava minha esposa e eu tinha uma grande ajuda do meu pai para o sustento da minha família. Mesmo assim fomos a luta com uma mão na frente e outra, estávamos mais apertado do que caçote em boca de traira. Mesmo com todas as dificuldades fomos á luta. Quando a notícia que Auxiliadora era candidata a vereadora se espalhou, minha casa começou a se encher de pessoas para pedir, eram os pedidos mais esdrúxulos que eu já vi na minha vida. De bujão de gás, chuteiras, roupas, peças de bicicletas, lençol, litro de cachaça, telefonemas para bater papo, carne, colchão, passagem para Natal, um cavaquinho, almoço para varias pessoas, papel de luz e água, era um terror, ninguém dormia direito, tinha gente que tomava café pela manhã, almoçava e jantava, colocava o perfume de Auxiliadora, pedia o dinheiro para comprar uma meiota e uma carteira de cigarros, virou um inferno a nossas vidas, sossego já era, estava tudo tumultuado. Um belo dia chegou um recado na minha casa, uma pessoa que vou omitir o nome, mandou nos chamar, pois tinha uma proposta para votar em Auxiliadora. Fomos a casa de Catinha nome fictício.

--- Diga Catinha qual é sua proposta?

--- Bem Ciliadora, aqui em casa tem oito votos, só leva esses votos quem aposentar o meu marido, a todos os candidatos que procuro, dizem que não podem, essa é última tentativa que eu faço, se não aposentarem meu marido ninguém vai ter voto aqui em casa.

--- O que precisa para aposentar o seu marido? Perguntou Auxiliadora.

--- Tem que tirar o batistério, o registro civil, e isso tudo isso é na cidade de Angicos.

Comprometemos-nos com a investida da eleitora, pedimos a data de nascimento e nome completo do individuo, e caímos em campo para aposentar o safado que sentado numa cadeira, não dava uma palavra. Pegamos tudo certinho, e no outro dia partimos para a cidade Angicos com o carro emprestado de Laécio Teodoro. Auxiliadora procurou o Padre Pinto que nos conhecia e mandou imediatamente fazer o batistério do safado, pagamos o batistério, e partimos para o cartório para tirar a segunda via do registro civil. No cartório, o funcionário foi logo dizendo:

--- Eu mesmo não vou procurar naqueles livros velhos, já peguei uma gripe da poeira que quase morro.

Pedi licença para procurar, e o funcionário aquecedeu. Quando entrei no depósito de papel velho me arrependi, aquilo era mesmo que procurar uma agulha num palheiro, a bagunça era terrível, mesmo assim enfrentei a barra pesada de poeira e papel mofados traça e cupins. Achei o livro que procurava, entreguei ao funcionário que prontamente fez a segunda via do registro civil. Voltando para Pedro Avelino, no caminho já senti a garganta arranhando, peguei uma gripe que quase me lasco. Peguei o safado e fui até o INSS de Angicos e dei entrada nos papeis trinta dias depois o cara recebeu o primeiro pagamento. Voltamos á casa de Catinha para firmar o compromisso. Quando chegamos a casa de Catinha a sala da casa estava repleta de fotos de vereadores, e de Auxiliadora nenhuma. Perguntei:

--- Como é Catinha está de pé o nosso compromisso? O seu marido já está aposentado, já recebeu até o primeiro pagamento, os votos daqui são de Auxiliadora?

--- Vamos vê!

--- Vamos vê como Catinha? Você se comprometeu com oito votos, e agora vai dar para trás.

--- Sabe o que acontece os três meninos cada um recebeu um par de chuteiras de Bôca, as meninas receberam cada uma um par de sandálias de Cavalcanti, Zé militão me deu uma feira, bidoca me deu uma caixa de remédio, aqui você só tem o voto do meu marido.

Lá da cozinha o safado do marido gritou:

--- O meu mesmo não, o meu voto é de Zé de Henrique, eu não fiz compromisso com ninguém, quem fez foi você.

--- Mas fulano eu lhe aposentei, e aposentadoria é para o resto da vida. Disse Auxiliadora.

--- Eu não lhe pedi nada, quem pediu foi Catinha, ela que se ate com você.

Catinha ainda disse:

--- Não se preocupem, nem que seja um voto você tem aqui em casa.

--- E o seu Catinha?

--- O meu é de Zé Militão.

--- E Bidoca que lhe deu os comprimidos?

--- Bidoca eu deixo pra lá. Ciliadora é seguinte: se você quiser eu arranjo um voto para você, se não quiser eu não posso fazer nada.

Teve varias histórias, breve contarei mais. Auxiliadora ficou na terceira suplência.

Manoel Julião Neto

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