terça-feira, 6 de julho de 2010

AMOR BANDIDO


Laércio Amorim trabalha na Emater da cidade do Assu, casado com Solange, filha de João Maria Bezerra e Nazaré de Assis, tem três pimpolhos, Laerte, Laize e Lorene. Solange atualmente trabalha na Central do Cidadão. E todos estavam de férias, receberam o convite de Ediclaiton e Ivone, para passar uns quinze dias na praia de Graçandu, onde possuíam casa, só que a família de Laércio estava com um problema para resolver, tinha um cachorro chamado Laio e uma gata, que atendia pelo nome de florzinha. A família estava impossibilitada de tirar aqueles quinze dias de férias tão sonhados na praia, não tinha onde deixar os animais.
As crianças estavam de cara feias, deixar de passar férias na praia por causa de dois animais isso não estava certo, reclamava Laerte. Mas Laércio como sempre, com seu bom senso que lhe é peculiar, teve a brilhante idéia, e disse:
--- Solanginha, fazemos o seguinte: deixamos o cachorro e a gata na casa de sua mãe em Pedro Avelino, e vamos para praia, certo?
--- Errado! – respondeu Solange.
--- Por quê?
--- Laio pode ficar em mamãe, mas Florzinha não, dela não me aparto por nada do mundo.
--- Mamãe Florzinha é só uma gata, não é uma pessoa, voinha trata dela direitinho, e ainda mais tia Solange dá uma mãozinha para cuidar de florzinha. Argumentou Laize.
--- Eu não confiu de Florzinha de ninguém. Ela é muito sentimental, muito frágil, tem hora certa para comer e para dormir, pela manhã tem que escovar os dentes, passar perfume, trocar de roupas, mudar as roupinhas da cestinha onde ela dorme, e mamãe não têm paciência para fazer isso, e mesmo assim eu não me aparto dela para nada, Florzinha lá em mamãe eu não deixo, Laio pode até ficar. E tem mais aquele cachorro feio de Luquinha, chamado Nick vai perturbar muito ela.
Florzinha deitada dentro da cestinha toda dengosa, escutava a conversa, se espreguiçava toda e abria a boca e fazia que estava dormindo, só que estava entendo tudo, Solange que defendesse ela.
E o impasse estava formado, Solange não queria se apartar de Florzinha por nada, e a gata toda manhosa, com dois lacinhos cor de rosa nas orelhas, pulou para o colo de Solange e se aninhou mimosamente.
--- Estão vendo, parece que a bichinha está entendendo que vocês querem desprezar ela em Pedro Avelino, na casa de mamãe.
--- Mamãe gato não tem saber, gato não gosta do dono, gosta do conforto da casa e da mordomia. – reclamava Laerte.
--- Laerte você tem que entender que Florzinha é uma gata diferenciada, é uma gata Siamesa, muito elegante e muito frágil, Florzinha é como uma dama da alta sociedade.
--- Nossa família vai perder umas férias na praia por causa de uma gata, que manda em todos dentro dessa casa, só aqui em casa mesmo acontece dessas coisas. – reclamava Lorene.
Passaram três dias discutindo esse assunto, Laércio já tinha se dado por vencido, Laize também e Laerte idem. Mas Lorena que não é de ficar calada e toda arrebitada, continuava reclamando, passava pela a gata que estava tomando o seu leitinho com ração balanceada e dizia:
--- Por causa dessa mimosa não vamos passar as férias na praia.
--- Não diga isso Lorena, senão Florzinha fica traumatizada. Reclamava Solange.
Uma noite depois do jantar, chegaram todos a uma conclusão, Laio ficaria na casa de Nazaré em Pedro Avelino, mas Florzinha também iria para praia tirar férias.
Tudo acertado começaram os preparativos para as férias. Faltavam dois dias para a viagem, mais primeiro passariam por Pedro Avelino para deixar Laio.
Solange foi fazer as compras de Florzinha, comprou xampu antialérgico, condicionador, perfume, roupinhas para passeio, laços, esmalte de varias cores, ração da melhor qualidade, e água mineral, Florzinha não tomava qualquer água, ou mineral ou de coco. Florzinha era feshion toda.
--- Devia ter comprado um maiô para Florzinha e uma canga.
--- Porque tantas piadas com Florzinha Lorena?
No outro dia todos embarcaram no carro com destino a Pedro Avelino, para descarregar Laio na casa de Nazaré. E se mandarem para Graçandu.
Solange foi entrando no carro colocou a cesta de Florzinha com ela dormindo no colo, preveniu a Laércio:
--- Laércio quando passar nos quebra molas, passe devagar, Florzinha esta dormindo, com os solavancos ela acorda, você sabe quando ela acorda é toda aborrecida.
Finalmente chegaram em Pedro Avelino, deram a notícia a Nazaré:
--- Mamãe vamos deixar o Laio aqui e.....
--- Espere aí Solange, com a Laio eu fico, só não me deixe essa gata aborrecida aqui, ela é cheia de frescura, e eu não gosto de muita frescura.
--- Calma mamãe, eu vou levar Florzinha para a praia, não precisa se preocupar, que eu cuido dela.
E saíram para praia de Graçandu para curtir as férias na praia, que era o desejo de Laerte, Lorena e Laize.
Na saída Nazaré ficou dizendo:
--- Solange tem muita frescura com essa gata, quando os meninos eram pequenos ela nem tinha essa besteira, mas a danada dessa gata, ela só falta comer a merda dela, por isso eu não tenho essas frescuras, eu só tenho besteira com meus netos, mais com gata e cachorro velhos, eu não dou nem cartaz.
Nessa hora apareceu um vizinho de Nazaré que é muito intrometido chamado Manoelzinho, que perguntou:
--- Para onde vai Solange com aquele circo?
--- Vai para a praia, com uma gata cheia de mimos. Com Laertinho, Laizinha e Lorena, ela não tinha tanta frescura, mas com essa gata chamada Florzinha, tem a maior besteira, até escova de dente a gata tem. Lucas tem um cachorro velho andando por aqui, eu não dou a mínima para ele, a comida eu coloco por que eu não vou deixar um animal morrer de fome, mas estar colocando no colo, não tenho tempo para estar com frescura com bicho.
--- Faz tempo que Solange gosta de bicho assim? Perguntou o intrometido do Manoelzinho.
--- De onde, inventou essa besteira de uns tempos desse para cá.
E saíram com destino a Graçandu, animados, e Solange com Florzinho no colo dentro da cesta, de minuto em minuto olhava para a gata para ver se estava tudo bem com ela. Na bagagem levavam cada um uma bolsa, só Florzinho que tinha duas, uma com roupas e maquilagem, e outra com as comidas especiais.
Chegando na Praia de Graçandu, Florzinha dormia a sono solto, todos tirando a bagagem, e Florzinha dormia no banco enquanto todos trabalhavam, depois que tiraram a bagagem, Solange foi e trouxe Florzinha dentro da cesta para dentro da casa, os meninos presentes, fizeram uma festa com gatinha toda enfeitada, que parecia uma baiana de carnaval. Os meninos rodearam a gata, uma menina colocou a gata nos braços, Solange tomou ligeiro, podia ser que com aquela algazarra com Florzinha ela ficasse estressada.
Todos se arrumando para tomar banho de mar, e Solange não ia, não podia deixar Florzinha só, tinha muita gente na casa, podia ser que alguém mexesse com sua gatinha.
Todos foram se divertir na beira da praia, só Solange ficou de castigo tomando conta de Florzinho.
Chegaram uns amigos de Ediclaiton, começaram a beber, era muita a alegria dos visitantes, o som dos carros eram alto, Solange não estava gostando nada daquilo, estavam perturbando os ouvidos de Florzinha que era muito sensível, não podia dizer nada estava na casa dos outros.
Florzinha pulou da cesta onde estava deitada, e Solange não viu. Florzinha saiu passeando pelo alpendre da casa, foi até onde estavam bebendo, encontrou a cabeça de um peixe que tinha caído da mesa. Florzinha começou a roer a cabeça do peixe deitada no canto da parede. Solange procurou Florzinha e não encontrou, saiu á procura, quando encontrou Florzinha agarrada com a cabeça de um bagre roendo, Solange não acreditou:
--- Florzinho, você esta morrendo de fome, comendo porcaria de peixe, e mais com os pés no chão, eu não quero isso para você. Se você pega uma doença, me diga? Aqui em Graçandu, não tem veterinário, aqui não tem Pet-Shoopim, como é que você vai tomar banho agora? Está fedendo a peixe, você não faça mais isso entendeu Florzinha?
Solange mandou comprar um botijão de água mineral, pegou todos os apretechos de higiene felina, e foi dar um banho em Florzinha, molhou a gatinha com água mineral, colocou Xampu hidratante na palma da mão, e começou a passar nos pelos de Florzinha que estava fedendo a peixe. Tirou o Xampu com água mineral, passou condicionador, depois enxugou a gatinha com uma toalha, mais ainda desembaraçou os pelos com o secador de cabelos, escovou-lhe os dentes com pasta apropriada, vestiu uma roupinha cor de rosas com bolinhas azuis, e com dois lacinhos nas orelhas combinando com a roupa. E a deixou na cesta para descansar.
Solange para onde ia era com Florzinha de um lado, não a largava de jeito nenhum, os filhos rebatia:
--- Mamãe a senhora não vai uma vez na praia, só por causa dessa gata?
--- Eu não gosto de banho de praia, é melhor eu ficar em casa com Florzinha.
No outro dia os filhos de Solange começaram a falar que ela não ia a praia por causa da gata.
--- Está certo, hoje eu vou com vocês a praia, mais volto logo, vou aproveitar enquanto ela está dormindo, mas volto logo, quando ela não me ver fica doidinha.
Solange saiu com todos da família para a praia, Florzinha ficou na sua cesta dormindo a sono solto. Quando de repente aparece no alpendre um gato preto de olhos verdes, comprido, alto e gordo, com um rabo imenso. Na região da praia de Graçandu, é mais conhecido por Negão.
Negão é um gato ladrão, entra em todas as casas para roubar comidas nas cozinhas, rouba até panela com comida que está em cima do fogão, e quente. Negão já levou tiro de espingarda, já levou pauladas, mais não se manca, é um verdadeiro bandido, é conhecido por suas malandragens com as gatas, todas as gatas que vivem por cima dos telhados das casas são apaixonada por Negão, que nem liga para elas, às vezes até bate nas pobres felinas não tem dó de nenhuma. Briga com qualquer gato que entrar no seu território, tem marcas de chumbo no couro aveludado, marcas de unhas e dentadas de outros gatos com quem briga, ele é o rei daquela praia e também das gatas, todas morrem de amor por Negão.
Negão vendo aquela gata ajeitadinha deitada naquela cesta morreu de amores por ela, passou por perto passou o rabo grande e grosso, nas narinas de Florzinha, que acordou atordoada com o fedor de peixe, olhou para cara de negão, e nem ligou para o garanhão felino de Graçandu. Negão ficou irritado com aquela indiferença de Florzinha que era toda metida a besta. Foi até onde ela estava, e cheirou-lhe o pescoço, Florzinha se irritou, e deu uma unhada no garanhão, que ficou irritado e pulou dentro da cesta, mordeu o pescoço de Florzinha, e fez o que quis a força. Florzinha nunca tinha feito aquilo com um cabra macho como Negão, aquele amor durou uns dez minutos, terminada aquele ato, Florzinha ficou encantada, nunca tinha sentido uma coisa boa como aquela, sua dona nunca tinha deixado um gato encostar perto dela. Negão saiu de cima de Florzinha, pulou para cima do muro, depois deu outro pulo para o telhado da casa vizinha e foi embora. Florzinha ficou olhando a destreza de Negão por cima das telhas das casas vizinhas, e desapareceu.
Solange chegou da praia encontrou Florzinha do mesmo jeito, dormindo a sono solto, nada tinha acontecido com ela, então pensou Solange: - todo dia agora vou a praia Florzinha não acorda.
No outro dia foi do mesmo jeito, foram todos para praia, e Florzinho ficou na sua cesta deitada, perfumada e cheirosa. Negão fedendo a peixe apareceu em cima do muro, robusto, bonitão, esbelto e forte. Florzinha começou a se mexer dentro da cesta fazendo charme para Negão. Negão não contou conversa, pulou dentro da cesta de Florzinho, e meteu-lhe o diabo pra cima, terminada a batalha ficou deitado bem pertinho da gatinha manhosa cheirando seu pescoço.
Todo o dia na hora marcada negão chegava, para fazer carinhos em Florzinha, que estava morrendo de amores por negão, estava com uma paixão avassaladora por aquele negão malandro, sua dona já tinha colocado ela varias vezes com esses gatinhos Mauricinhos, cheirosos, mais o que ela gostava mesmo era o Negão que tinha uma pegada forte, era másculo, mordia no pescoço dela com força, fazia um sexo violento, era disso que ela gostava.
Finalmente terminou as férias da família de Laércio, tomariam um banho de praia, e voltariam para a cidade do Assu, não sem antes passar em Pedro Avelino para pegar Laio. Foram para praia tomaram banho, se divertiram muito e voltaram para casa. Quando Solange chegou da praia não avistou Florzinha, saiu louca a sua procura, nada de encontrar, começou a chorar, procurou por toda vizinhança e ninguém dava noticia de Florzinha, e dizia:
--- Só vou embora daqui quando encontrar Florzinha.
--- Solanginha, vamos embora, amanhã vou trabalhar, e começa a aula das crianças, não vamos ficar aqui por causa de uma gata. Chegando em Assu, eu compro outra gata.
--- Não eu quero Florzinha, olha malinha dela jogada ali num canto, com todas as roupinhas dela.
Solange andou por toda a praia, por toda a vizinhança e nada, de encontrar Florzinha, já estava anoitecendo, teriam que viajar. Laércio não gostava de viajar a noite. Solange partiu aos prantos para Assu, pensando o que sua gatinha não estava sofrendo, deixou até uma pessoa encarregada para achar Florzinha e telefonar para ela.
Lá de cima de uma colmeeira de uma casa, Florzinha e Negão, apreciavam o sofrimento de Solange, que deixou o conforto de uma casa por um grande amor. As outras gatas do harém de negão estavam se roendo de ciúmes da nova conquista de Negão, que não largava do pé de Florzinha que era a sua preferida. Quando qualquer uma das gatas queria brigar com Florzinha, Negão ia lá e dava uma mão de peia nas outras gatas, todas tinham que respeitar os gostos do Negão que era o rei do pedaço da praia de Graçandu.
Já tinha se passado mais de mês e Solange não esquecia um só momento de Florzinha, se estava no trabalho, lembrava dela, se estava em casa assistindo futebol, que é o que ela mais gosta, não se ligava, o Corinthians podia perder à-vontade que ela não se incomodava, seu pensamento era em Florzinha.
Em Graçandu as coisas tinham mudado, Chegou uma família do Rio Grande do Sul, para passar férias, e trouxeram uma gatona branca dos olhos azuis, que parecia uma misse. Negão começou a rondar a casa da Gaúcha, que tinha o rabo felpudo, e pele fina. Negão que não era de brincadeira, conquistou a Gaúcha e levou para o seu Harém, era a preferida dele naquele momento, Florzinha quis reclamar levar umas porradas do Negão, as outras gatas que já estavam acostumadas com o Negão nem ligaram o novo amor do garanhão. Florzinha abandonou o harém do Negão, andava pela beira da praia, comendo restos de comidas, guerras de peixes, peixe podre, bebia água nos esgotos das casas, estava magra, feia e ainda por cima grávida do Negão, estava sofrendo muito, estava muito arrependida da besteira que tinha feito, abandonou um lar com todo conforto, por um amor bandido. As outras gatas quando avistam Florzinha, corriam atrás para brigar, e negão andando por cima dos telhados das casas com a Gaúcha de lado, nem se lembrava mais de Florzinha.
Fazia dois meses que Solange reclamava a ausência de Florzinha, tanto fez que veio até Graçandu, a procura de Florzinha. Andaram na beira da praia, ela e Laércio e nada de encontrar a gatinha, já estavam desistindo, entraram num restaurante para almoçar. Quando estavam comendo alguma coisa, Solange notou alguma coisa roçando suas pernas, quando olhou, era Florzinha, grávida e maltratada. Qual não foi a alegria de Solange por encontrar Florzinha.
Ligeiramente voltaram para casa para tratarem de Florzinha. No outro dia levaram a gata, para o veterinário, que disse a Solange:
--- Logo, logo ela vai ganhar gatinhos.
Passaram os dias, e Florzinha teve quatro gatinhos preto ritinto. Solange ficou tão contente que foi para a galera. Não sei se foi verdade, só sei que foi assim que eu sonhei.




Manoel Julião Neto

PÍLULA PARA DOR DE DENTE


O dia tinha amanhecido meio farusco, com a cara feia, caía uma neblina fininha, que ia e vinha. O dia quando amanhece assim é muito chato, molha nossas roupas, e temos que enxugar as roupas no corpo, às vezes pegamos um resfriado que lambedor para curar dar trabalho.

Foi num desses dias que Francisco Barros Gomes mais conhecido como Chico bola descia de onde morava no conjunto Donatile para o centro da cidade, precisamente para a cobertura ou para dentro do mercado público, onde se concentravam a maioria dos pinguços que tomavam latinhas de aguardente. Chico bola não tinha dormido a noite com dor de dente, era um caco que ficava na parte superior da boca. Saiu pedindo a um e a outro um pouco de cachaça para bocejar em cima do caco de dente, ninguém lhe dava. Chico bola é um bêbado terrivelmente chato, ele bom é uma coisa e bêbado não tem quem agüente, chora e rir ao mesmo tempo, é um babeiro danado, os olhos verdes ficam arregalados escorrendo lagrimas, o nariz escorrendo, é uma catarreira mais infeliz do mundo. Saiu pedindo dinheiro a um e a outro para comprar uma latinha de aguardente, conseguiu o dinheiro, comprou logo um latão de cachaça escondeu-se, tomaria só, não daria um gole a ninguém. Nenhum dos pinguços tinha colaborado com ele. Colocava a cachaça na boca e fazia um bochecho em cima do caco de dente, depois engolia. Ficou embriagado como sempre e a dor de dente não passou, dizia ele que a dor era terrível, e o caco de dente não lhe deixava em paz, chorava com aquele zoião vermelhos misturado com as íris verdes, cheios de lagrimas que escorria pela face maltratada pelo tempo de sol e pela cachaça. Onde ele reclamava, indicavam-lhe os remédios mais estranhos do mundo como: mascar fumo e engolir a gorda, colocar solução de bateria, colocar ácido muriático. Mandavam ele ir até a oficina de Aluízio e pedir para arrancarem o caco de dente com um alicate de bico e etc. A dor de dente de Chico Bola virou notícia em baixo da cobertura da feira. E o pobre de do Chico Bola não tinha sossego, começou a rolar no chão com a dor. Fazia pena o pobre do Chico altamente embriagado e sofrendo com aquele maldito caco de dente.

E Chico bola saiu para casa choramingando pelas calçadas, em direção a sua casa, e reclamava: - reclamava que não encontrava um remédio para passar aquela dor dente que lhe causava tanta agonia. Resolveu entrar na farmácia de Airon e pedir qualquer remédio para lhe aliviar aquela dor.

--- O que está acontecendo Bolinha? Perguntou Airon.

--- Estou com uma dor dente desgraçada, passei a noite sem dormir.

--- Bolinha porque você só veio agora, eu tenho aqui uma pílula que é tiro e queda, passa dor dente num minuto.

--- Home me dê logo essa pila, para ver se eu durmo pelo menos um sono agora de tarde, pois eu não agüento mais tanto sofrimento.

Airon foi lá dentro da farmácia abriu um armário tirou uma pílula azul e trouxe, juntamente com um copo d’água, e entregou a Chico bola.

--- Essa pila é boa mesmo Airon.

--- É ótima, é bater e valer.

Chico colocou a pílula na boca e bebeu a água. Agradeceu e saiu satisfeito, de volta para cobertura, para dormir num banco, depois iria para casa. Quando estava pegando no sono, Chico sentiu uma coisa diferente, crescendo dentro da bermuda, se espantou, quando se deu fé, Chico bola estava de pau duro.

--- Meu Deus, o que eu Airon fez comigo, essa danada fazia muito tempo que não ficava assim, e agora está em ponto de bala, que danado foi isso.

Começou a mostrar para os pinguços a maneira que estava, a bermuda esticada na frente, que só faltava furar tudo que aparecia pela frente, os pinguços meteram a vaia em Chico que se dirigiu para a farmácia, chegando lá disse:

--- Airon olha só o que a pila fez, estou morrendo de vergonha, não estou podendo nem andar com essa danada tesa que parece quando eu tinha 15 anos. Que danado era aquilo Airon?

--- Ora Chico é uma pílula chamada viagra ela serve para tudo.

--- E agora o que é que faço, não posso andar na rua armado desse jeito, o povo vai mangar de mim.

Airon mandou chamar um moto-taxista para deixá-lo em casa, todos recusaram, desse jeito pode me dar até 10,00, que eu não levo ele para canto nenhum. Dizia os moto-taxistas. E Chico todo encolhido sentado na ponta da calçada. Airon mandou chamar um táxi para deixar Chico em casa, nessas alturas as quatro bocas estavam cheia de gente para olhar a saída de Chico. O táxi chegou, quase de cócoras Chico entrou no carro e se mandou para casa, quando chegou foi logo dizendo a Edite sua mulher:

--- É hoje que eu tiro o atraso Edite, hoje eu tiro a barriga da miséria, vamos lá pra dentro.

Quando Edite viu a danada da bicuda viva, disse:

--- É diabo quem vai para cima dessa danada, eu já tive 17 filhos, estou toda estragada por dentro dessa infeliz, pode se virar de outro jeito comigo não.

--- Dita faça esse favor pra mim, só quem pode me desarmar é você.

--- Hum, hum, nem pelo Macaracanã cheio de dinheiro eu me atrevo enfrentar essa danada.

--- E agora Dita, me diga o que é que eu faço, Airon disse que é 24 horas que ela fica assim.

--- Ganhe o mato, vá atrás das Burras, porque comigo você não arranja nada.

--- Cadê a burra da carroça?

--- Sérgio foi buscar lenha.

--- Dita faça esse favor, faz tanto tempo que nós não dá uma reiada, vamos aproveitar agora que a marvada está dura, por favor, Dita!

--- Tô fora, acabou o tempo que eu pensava nisso.

Chico bola saiu para as bandas da caixa d’água, a procura de burra, só voltou no outro dia, com os pés furados de espinhos e morto de fome, ainda vinha com o pênis zarolho, nem mole nem duro. Galego Thomáz perguntou:

--- Baixou a tesão Chico?

--- Tá mais ó menos. Agora tô morto de cansado, de correr atrás de uma jumenta, mais meti o diabo nela a noite todinha. Agora vou dormir, a dor dente passou, tá tudo bem.

Chico dormiu a noite toda, no outro dia foi à procura de Airon:

--- Airon quando eu precisar de um vinagrinho daquele, você me dá?

--- Depende da dor que você estiver sentindo.

E Chico bola saiu fagueiro para o mercado público a procura de cachaça. E para contar suas aventuras dentro da capoeira.

Manoel Julião Neto