sexta-feira, 17 de julho de 2009

O sapo da esperança

No ano de 1965, em plena campanha política em Natal, inventaram um sapo de lona verde que simbolizava o não fechamento da Lagoa Manoel Felipe, era o símbolo da campanha do então candidato a prefeito Agnelo Alves, Natal fervia com o sapo de lona verde dançando em cima do caminhão da Esperança, Agnelo ganhou a campanha para Prefeito de Natal. Essa campanha política em Natal foi muito acirrada, Era Agnelo Alves de um Lado e o Doutor Pedro Lucena do outro. A população Natalense cantava em coro queremos Agnelo e não Pedro Chinelo. O então partido do Doutor Pedro Lucena diziam que iriam fechar a lagoa Manoel Felipe e o sapo era para dizer que não, a lagoa não poderia ser fechada.
Nessa época Garibaldi Alves filho andava muito aqui em Pedro Avelino, e trouxe esse bendito sapo de lona verde para mostrar o povo daqui e de Afonso Bezerra, onde o pai dele tinha elegido os dois Prefeitos.
Garibaldi Filho parou a rural willis do pai em frente à Prefeitura, e pediu a Chico Locutor, que arranjasse uma pessoa para entrar no sapo de lona verde, para saírem em passeata na cidade de Afonso Bezerra e depois Pedro Avelino. Chico locutor saiu à procura, não encontrava ninguém, passando dentro Mercado Público falou com Zé Dutra, que concordou na hora. Acontece que João de Dionísio, irmão de Zé Dutra escutou a conversa, e disse:
--- quem vai dentro do sapo sou eu!
A confusão ficou formada, os dois irmãos começaram a discutir, cada um que quisesse entrar no sapo. Chico locutor levou a celeuma para Garibaldi Filho resolver. Garibaldi Filho conversou com os dois, disse: que cada um entrava no sapo, um faria a Passeata de Afonso Bezerra e o outro de Pedro Avelino. Não houve acordo. Apelaram para o pai dos dois, contaram para Dionísio batatinha o que estava acontecendo, Dionísio conversou com Zé Dutra e com João, não tinha acordo, Garibaldi Filho ficou numa sinuca de bico desgraçada, foi quando Chico Locutor teve a brilhante idéia:
--- Vamos fazer o seguinte, vocês dois vão pegar uma parelha de corrida, vão até a beira do rio correndo, e volta quem chegar primeiro aqui na frente da Prefeitura, é quem entra no sapo.
Os dois se emparelharam como cavalo de vaquejada, foi dada a partida, os dois saíram na carreira mais louca da vida, passando por dentro de buraco e a poeira cobrindo, chegou João de Dionísio preto de suor, Zé Dutra não agüentou, cansou, ficou por lá mesmo descompondo João. Então Garibaldi Filho disse para João de Dionísio:
---Vamos para Afonso Bezerra, lá você entra no sapo, damos uma volta na rua e voltamos para Pedro Avelino em passeata, o encerramento será aqui no meio da feira onde o nosso Prefeito eleito vai falar.
João de Dionísio não gostou de idéia, esbravejou:
--- Eu quero sair daqui já dentro do sapo.
--- Não João, esse sapo é muito quente, basta você entrar em Afonso Bezerra, está uma temperatura passando dos 38 graus, você não vai agüentar ficar esse tempo todo dentro desse sapo de lona, que é muito grossa. Você pode ficar desidratado, não faremos isso com sua saúde.
Não adiantou os argumentos de Garibaldi Filho, João de Dionísio queria sair dentro do sapo já de Pedro Avelino. Passava das ll horas do dia, colocaram João dentro do sapo de lona, fecharam o zíper que tinha na barriga do sapo, colocaram João dentro da rural de Garibaldi velho. João de Dionísio parecia o diabo sentado dentro da rural vestido de sapo. Partiram para Afonso Bezerra, onde a cidade em peso estava esperando aquela novidade, passava das l2 horas, o sol estava quente de tinir. Tiraram o sapo de dentro da rural e colocaram em cima, o sapo dava pulos danados, o locutor gritava:
--- O sapo está vibrando, que a Lagoa Manoel Felipe não vai fechar, vejam como o sapo vibra.
E o sapo pulava e dava saltos mortais, eram pulos grandes que parecia que era de circo. A rural rodando pelas ruas de Afonso Bezerra, o sapo arrastou gente dos confins da cidade, a zona rural veio toda para a cidade para ver a novidade. o locutor anunciava:
--- Vamos todos em passeata para querida cidade de Pedro Avelino. Pula sapo diz ao povo que lagoa Manoel Felipe não vai ser fechada.
Passava das 13 horas, as pessoas que estavam acompanhando o sapo em cima da rural, estavam pingando de suor, estavam todos esbaforidos com tanta quentura. Daqui a pouco o sapo deu uma pirueta no ar, e caiu de cima da rural, saiu pulando e caindo, pulando e caindo, o locutor gritava:
--- Há sapo vibrador danado, pula sapinho, pula sapinho.
Lá na frente o sapo caiu no chão, Era uma tremedeira mais infeliz do mundo, parecia que estava com maleita. Foi que chegou uma pessoa arrodeou, e falou:
--- Esse rapaz que está dentro desse sapo de lona está morrendo.
Quando abriram o zíper, que viram o estado de João de Dionísio, fazia pena, branco que parecia uma folha de papel, todo cagado, molhado de suor, jogaram uma lata dágua dentro do sapo, que quase mataram João de Dionísio estoporado, levaram João pra Natal entre a vida e a morte, passou mais de oito dias internado no hospital. E Zé Dutra dizia:
--- Achei foi bom, se fosse comigo não tinha acontecido isso, tomara que ele morra.

2 comentários:

  1. Manoel Julião, essa foi boa. (História do sapinho da esperança...)
    Agora quando eu passo da escola onde trabalho para minha casa, e vejo o Zé Dutra sentado em frente à biblioteca, só me lembro do aperreio dele e de João Dionísio para entrar no danado desse sapo. Kkkkk. Ah, e o coitado do João, eu tenho certeza que nunca mais vai querer ver um sapo passando perto dele. Kkkkkkk...

    Ass. Emanoel Sena.

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  2. Olha, Auféres; você quase me mata de rí com essa
    história do sapinho de João de Dionizio e do 40 Zé
    Dultra, eu rí tanto que saiu lágrimas dos meus olhos, valeu Auféres um abraço do amigo Sena.Há o
    seu telefone residêncial ainda é o mesmo?

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